terça-feira, 17 de abril de 2007

Imersão, Avatar e Ciborgue

Fonte: http://www.c5.cl/ieinvestiga/actas/ribie98/Image182.gif

Quando um usuário de um meio eletrônico como computador ou videogame começa a interagir com um jogo ou com um ambiente da Internet ao ponto de se sentir parte desse jogo ou ambiente, acontece o que se chama de imersão. O usuário começa a ter a sensação real de que está dentro do mundo virtual a partir de sons, imagens e estímulos criados pelo computador.
Outras mídias também podem levar à imersão, como a televisão ou o cinema, mas, neste caso, o telespectador atua de forma passiva, enquanto que em jogos de videogame o jogador é trazido para dentro da história, podendo até direcionar os rumos desta história (http://pt.wikipedia.org/wiki/Realidade_virtual).
O que fascina a maioria dos jogadores é a possibilidade de se integrar a um mundo fora do mundo concreto, criando no mundo virtual uma nova realidade para si, onde ele pode ser quem escolher ser e ter quase as mesmas sensações que gostaria de ter no mundo aqui fora. Essa sensação, também conhecida como agenciamento, resulta do fato de que suas ações são determinadas por suas próprias escolhas. Para que essas sensações sejam cada vez mais reais, existem hoje inúmeros dispositivos que, através de sensores, auxiliam o jogador a ter uma imersão quase plena. Exemplos deles são as luvas, os capacetes, os óculos e os simuladores (http://www.universia.com.br/especiais/matrix/azul_02.jpg).
Uma vez imerso no mundo virtual, o usuário passa a assumir uma personalidade dentro deste mundo. Essa personalidade é conhecida como avatar. De origem hindu, este termo se refere a uma manifestação corporal ou encarnação, normalmente se referindo a uma das encarnações de Vishnu, um Deus hindu (http://pt.wikipedia.org/wiki/Avatar).O termo é bem adequado para o campo da informática, pois o usuário, virtualmente imerso, está encarnando uma nova identidade que pode ser bem parecida com sua pessoa no mundo concreto como pode também ser tudo aquilo que este usuário gostaria de ser mas não pode ou não se sente livre para ser. Um exemplo é a imagem abaixo que mostra meu avatar que eu criei no site http://br.avatars.yahoo.com/.
O avatar tem uma relação bem próxima com o personagem. Um ator, ao atuar, está representando um personagem previamente descrito em um roteiro. Até aí, é apenas um personagem. Mas, quando o ator passa a colocar um pouco de si no personagem, ou seja, quando o ator incrementa o personagem com suas próprias características, bem como o tom de voz, o jeito de andar, entre outros, aí o personagem se torna um avatar. Isso se dá por que o ator imergiu no personagem, em um ambiente fictício, diferente de sua realidade.

Os avanços tecnológicos que possibilitaram o desenvolvimento de videogames, de jogos em rede e, conseqüentemente, de imersões e avatares, fizeram com que o mundo se atentasse para o conceito de ciborgue. Um ciborgue é conhecido como sendo a junção de um ser humanos com partes robóticas ou mecânicas, derivando em um ser cibernético.Juntamente com os avanços da ciência, a tecnologia permitiu a quebra das barreiras entre o ser humano e a máquina (http://www.comciencia.br/resenhas/2004/10/resenha2.htm). Ciborgues são todos aqueles que se utilizam de algum mecanismo que o auxilie na realização de determinada tarefa. Por exemplo, uma pessoa que utiliza uma perna mecânica, ou um marcapasso ou uma cadeira de rodas, é um ciborgue.Levando para o campo da informática, pode-se dize que usuários que utilizam mecanismos que permitem a imersão, bem como luvas, capacetes, ou mesmo o mouse, estão, naquele momento, atuando como ciborgues. Um ciborgue representa o fim da fronteira entre o que é natural e o que é artificial; entre o que real e o que é concreto.
A meu ver, um avatar é um ciborgue, pois é um ser virtual criado a partir de meios eletrônicos, que nos auxiliam a realizar tarefas ou ações que não poderíamos realizar fora do ambiente virtual.
A cada dia que passa, nós, seres humanos, nos imergimos mais e mais no ambiente da Internet, dos jogos, do virtual. Acredito que as dificuldades enfrentadas no mundo real, tais como desemprego, falta de dinheiro, desilusões... geram o desejo em cada um de nós de criar para si uma nova vida, uma nova realidade. Como no mundo carnal isso ainda não é possível, é por meio de nossos avatares que tentamos nos realizar plenamente; é onde buscamos quebrar toda e qualquer barreira moral, social, financeira, para vivenciarmos aquilo que desejamos.

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